meu país - de andré ristum

...ao receber um telefonema de seu irmão tiago, dizendo que o seu pai havia falecido, marcos se vê obrigado a voltar para o brasil e encarar a vida que deixou para trás quando se mudou para roma... eu não sei qual era o objetivo do cineasta andré ristum na sua estréia em longas, mas a não ser que fosse o de realizar um filme que pouco acrescenta, ele simplesmente não foi nada feliz... incrível foi que ele convenceu rodrigo santoro e cauã reymond, dois dos mais prestigiados e concorridos atores do cinema nacional, além de débora falabella, paulo josé e a italiana anita caprioli a participarem do seu projeto... eu sinceramente não consigo imaginar o que pode ter atraído tanta gente boa para um filme que caminha em círculos e que nunca se permite avançar, ousar ou fazer refletir... são noventa e cinco minutos de espera por um longa que não acontece... as motivações não se explicam e os conflitos parecem forçados... rodrigo santoro, provavelmente, é o único a sair ileso desse naufrágio, porque o restante do elenco nem ao menos conseguiu desenvolver os seus personagens em meio a tanta apatia e desinteresse... ah, e aquele mafioso italiano era para ser engraçado né? sério que não?... enfim, o resultado é de uma indiferença colossal.

borboletas negras - de paula van der oest

...rejeitada até pelo próprio pai, o responsável pela censura editorial no regime do apartheid, ingrid jonker é uma jovem poetisa que encontra na escrita a sensação de liberdade... o grande perigo da cinebiografia é que ela pode cair pro lado da homenagem (o que geralmente acontece em hollywood), colocando o retratado em um pedestal... mas pelo menos dois filmes em 2011 provaram que ainda existe 'luz no fim do túnel'... 'gainsbourg o homem que amava as mulheres', cinebiografia do francês serge gainsbourg, e agora 'borboletas negras', um retrato da sul-alfricana ingrid jonker... tratam-se de produções que não estão afim de, digamos, simpatizar com ninguém... nem com os biografados (!) e nem com o público... no filme em questão, por exemplo, graças a deus, a cineasta holandesa paula van der oest (de 'zus e zo' indicado ao oscar de filme estrangeiro' em 2003) expõe as vitórias e derrotas, as qualidades e defeitos, os acertos e erros de ingrid jonker... por vezes, fica quase impossível, mais uma vez, simpatizar com uma megera, louca, autodestrutiva, infiel em meio a brigas, bebedeiras, traições e até um aborto... méritos para a coragem dos realizadores e para o elenco (destaque para a protagonista carice van houten).

um sonho de amor - de luca guadagnino

...emma vivia uma vida repleta de luxo mas com pouca paixão na cidade de milão até o dia em que conhece edoardo, um jovem e talentoso chef de cozinha amigo de um dos seus filhos... quem me conhece pessoalmente ou então lê os comentários aqui do blog com freqüência sabe que eu sou um pesquisador inveterado do oscar... mas apesar de anos dedicados ao assunto, um fato entre tantos e tantos outros, eu realmente ainda não consegui entender: por que a academy of motion picture arts and sciences, responsável pelo prêmio, criou regras tão confusas e complexas para a categoria 'filme estrangeiro' a ponto de empobrecer o nível dos indicados?... resultado? anualmente diversos filmes, que eventualmente se tornam clássicos do cinema, ficam de fora da listinha final por motivos muitas vezes inexplicáveis... e esse ano, é claro, não foi diferente e uma jóia do cinema italiano não foi indicada... a produção que foi lembrada apenas na categoria figurino, poderia ter rendido uma indicação também para a atriz tilda swinton, em composição magnífica... sem falar da música original de john adams, da fotografia de yorick le saux e da direção do jovem luca guadagnino, que revela perguntas e respostas do longa com o timing de um veterano... um sonho de filme.

o filme dos espíritos - de andré morouço e michel dubret

...após perder a esposa e o emprego, um homem alcoólatra a caminho do suicídio se depara com 'o livro dos espíritos' de allan kardec, iniciando assim uma jornada rumo aos mistérios da vida espiritual e suas inúmeras influências no mundo material... os consecutivos sucessos de público transformaram o espiritismo em um gênero à parte (né?) do cinema nacional... de 'bezerra de menezes o diário de um espírito' de 2008 a este 'o filme dos espíritos'... o que nunca acompanhou este sucesso todo porém, foi algum reconhecimento por parte da crítica... o que na minha opinião já se tornou um hábito/perseguição... sim, tem muito (!) bonequinho saindo da sala do cinema sem nem mesmo entrar, se é que vocês me entendem bem... e eu sei de todos os inúmeros problemas comuns até então aos longas com a temática espírita, principalmente em aspectos técnicos, mas será que a crítica precisa usar o mesmo critério de avaliação para um filme realizado pela produtora ligada a fundação espírita andré luiz do que para uma produção hollywoodiana?... não é o melhor filme do ano, não é nem um bom filme, mas quem lê as críticas dos jornalões (?) praticamente desiste de assistir ao filme, e não é bem assim... e por favor, nunca deixem de ir ao cinema por causa de uma crítica.

sem saída - de john singleton

...ao se deparar com uma imagem de si próprio quando pequeno em um site de desaparecidos, o jovem nathan percebe que a sua vida é uma mentira... como a saga teen crepúsculo não é parâmetro para nada, nada mais justo do que darmos uma chance para os pimpolhos da série provarem o seu valor... kristen stewart atestou que é depressiva em qualquer papel, não é só a bella que tem aquela aparência de morta... já o robert pattinson em suas oportunidades também não conseguiu mudar aquela expressão de 'vou vomitar'... restava apenas taylor lautner, protagonizar um filme para vermos do que o menino é capaz... então, em 'sem saída', ele aparece sem camisa, de novo, acho que duas vezes até... é ele repete o seu lobisomem cena por cena... até as técnicas para pegar a candidata a par romântico são as mesmas, tipo a chegada 'vamos dormir de conchinha para não morrermos de frio'... porém, mais trash do que tudo isso junto é o momento 'acabei de presenciar o assassinato dos meus pais, vamos transar?', tendo como resposta da menina 'estou com fome, vamos comer antes?'... kkkkkkkkk, eu não aguento... o resultado só é suficiente para arrancar suspiros do 'team jacob' e fazer fortuna nas bilheterias... ruim demais.

cowboys vs aliens - de jon favreau

...no ano de 1873 um homem sem memória acorda em uma cidade inóspita que inesperadamente sofre um ataque aéreo alienígena... sabe quais foram os argumentos que utilizei para convencer uma amiga a encarar a sessão do longa 'cowboys vs aliens' comigo?... foram pelo menos quatro, na verdade cinco: 'é dirigido pelo jon favreau dos dois ótimos filmes do homem de ferro', 'tem o daniel craig', 'tem o harrison ford', 'é produzido pelo steven spielberg' e o quinto e mais forte de todos 'a gente não tem nada para fazer mesmo'... no que ela respondeu 'vai ser uma merda mesmo assim, amanhã você vai pagar o meu almoço!'... eu realmente acreditava nos meus argumentos (ah vai, não eram dos piores), mas bem que eu poderia ter embarcado na convicção inabalável (!) da minha querida amiga... eu jurava que todos os elementos para a construção de um bom filme (pelo menos um divertido) estavam reunidos: um bom diretor, um produtor que dispensa comentários, o james bond, o indiana jones e uma sinopse bizarra... mas aí deu tudo errado... sério, faltou coragem para se jogar (?) no nonsense e até mesmo ousadia estética... perderam a oportunidade de realizar o filme mais cool de 2011... o péssimo resultado é lamentável em todos os sentidos... foi mal amiga.

amizade colorida - de will gluck

...uma jovem recrutadora de new york e um cliente da califórnia, que acabou de aceitar um novo emprego na big apple, acabam se tornando amigos com benefícios... como é a onomatopéia para bocejo (se é que existe uma)?... porque essa era a minha vontade nessa postagem, publicar um grande bocejo e só... sério, eu não aguento esses filmes que tentam se vender como diferentes, mas no fundo são mais do mesmo... não aguento... é um falso ar de espertinho, de 'sou diferente', que dá um sono mortal... enfim lá estava eu em terras estrangeiras pagando a entrada em um câmbio super desfavorável para ver uma comédia romântica ao estilo de 'sexo sem compromisso', só que estrelada pelo justin timberlake... é eu sei, foi uma escolha (infeliz) minha e não posso nem reclamar... mas eu vou (rá!)... posso?... então deixa eu pelo menos resumir o filme: uma jovem muito espoleta da cidade grande conhece um rapaz muito sossegado do interior (que nos eua é a 'pequenina' cidade de são francisco), aí eles resolvem fazer vuco-vuco (?) sem compromisso, afinal eles não acreditam mais no amor, só que os dois (preparados para a surpresa?) se apaixonam... no meio disso tudo o justin canta e dança... uuuuuuaaa (onomatopéia para bocejo).

o homem do futuro - de cláudio torres

...ao tentar criar uma revolucionária forma de energia, um cientista que acredita ser infeliz porque no passado foi humilhado pelo amor da sua vida, volta acidentalmente no tempo... todo ator sonha com um grande papel, algo que realmente escreva seu nome na história... só que por vezes o papel pode ser tão marcante que o ator acaba ficando associado para sempre ao personagem... e aí não consegue fazer mais nada que preste... o mais trágico disso tudo, é que o personagem geralmente se transforma em lenda e o ator cai no esquecimento... mark hamill nunca conseguiu sair da sombra do seu skywalker e malcolm mcdowell jamais superou o seu alex... acredito que ciente disso, o nosso wagner moura, tenta a todo custo diversificar as suas escolhas em busca da alforria do já lendário capitão nascimento... no simpático 'o homem do futuro', ele interpreta diferentes versões do mesmo personagem, canta e dança só para nos provar o quanto é versátil (e é mesmo)... por sinal, ele é o diferencial do novo filme de cláudio torres (de 'a mulher invisível')... quando o longa começa a patinar, o ator entra em cena com o seu novo bordão 'calma, eu preciso que você fique absolutamente calmo'... é tanto talento (!) que funciona inclusive para o público.