ponyo uma amizade que veio do mar - de hayao miyazaki

...ponyo, uma peixinha dourada, resolve se tornar humana só para ficar mais tempo ao lado do seu mais novo melhor amigo... o novo longa do mestre da animação hayao miyazaki, é mais uma produção a desembarcar com um atraso absurdo nos cinemas brasileiros... o que algumas distribuidoras fazem no brasil é realmente inacreditável... mas não vamos perder nosso tempo criticando uma coisa que aparentemente nunca irá mudar... vamos levantar, ir ao cinema mais próximo e prestigiar a beleza hipnótica de toda a poesia do cinema do diretor vencedor do oscar por 'a viagem de chihiro'... a idéia de fazer 'ponyo uma amizade que veio do mar', surgiu depois que o cineasta japonês assistiu ao também desenho animado 'a pequena sereia'... porém a relação entre eles ficou somente na base da idéia... toda a fofice e as canções edificantes da disney, jamais embalariam um longa de hayao... por mais que também exista toda uma mensagem por trás da história, esta é apresentada pelos espetaculares delírios históricos e visuais próprios do cinema de hayao miyazaki.

15 anos e meio - de françois desagnat e thomas sorriaux

...um brilhante cientista francês que mora nos estados unidos há 15 anos de repente se vê obrigado a voltar à sua terra natal para cuidar de sua filha adolescente... o cinema francês pode ser considerado um dos mais importantes e influentes de todo o mundo... em termos históricos e técnicos teve um papel fundamental para a sétima arte... e até hoje ainda é um dos países que mais produz filmes por ano... porém, quantidade não necessariamente reflete-se em qualidade... e vez por outra damos de cara com um '15 anos e meio' da vida... a produção de 2008 dirigida por françois desagnat e thomas sorriaux, é um genérico de um típico exemplar hollywoodiano envolvendo uma adolescente rebelde e um papai distante que de uma hora para outra terá que lidar com a filhona... nem o talento de daniel auteuil (um dos melhores atores do cinema europeu) deu jeito em um longa completamente fora do tom, onde quase nenhuma piada funciona... podem culpar a globalização, o capitalismo, o imperialismo yankee ou sei lá, a verdade é que o filme é muito abaixo da média.

o bem amado - de guel arraes

...por falta de um defunto, o prefeito odorico paraguaçu não consegue inaugurar a sua maior realização, o cemitério municipal de sucupira... peça teatral nos anos sessenta, novela global nos anos setenta, série de televisão nos anos oitenta e longa metragem em 2010... períodos históricos dos mais distintos e as próprias peculiaridades de cada tipo de expressão artística apenas comprovam como a obra de dias gomes é atemporal... e com mais ou menos êxito, a crítica a política e aos políticos funcionam... até no novo filme de guel arraes, que mesmo longe de ser fantástico, é divertido (apesar de concordar que os saltos no tempo, o didatismo no roteiro e a participação de caetano veloso na trilha sonora, prejudicaram o resultado final da produção)... mas infelizmente o que venho lendo na maior parte da crítica especializada é uma comparação idiota entre o filme e suas outras versões, principalmente a novela... ao invés de comparar o nanini com o gracindo ou isso com aquilo, seria melhor ater-se ao que funciona ou não, o que ficou bom ou ruim... portanto, é necessário deixar todo o saudosismo do lado de fora do cinema e é preciso estar bem claro que essa é uma nova versão, com novos atores e realizada em um novo tempo (!).

predadores - de nimród antal

...levados para um outro planeta, um grupo de desconhecidos terá que enfrentar uma poderosa raça alienígena... vamos deixar tudo claro... 'predadores' é a continuação dos excelentes 'predador' de 1987 e 'predador 2' de 1990, e não tem nada a ver com os horripilantes 'alien vs predador' de 2004 e 'alien vs predador 2' de 2007, a não ser é claro, pela presença do próprio... e esse é o primeiro ponto marcado pela produção, dar seqüencia a dois grandes filmes e esquecer uma outra coisa totalmente desprezível... os outros acertos do esforçado longa dirigido por nimród antal (de 'temos vagas') e produzido por robert rodriguez, ficam por conta da recuperação de algumas passagens da trilha sonora original de alan silvestri e da canção de little richard 'long tall sally', que de uma forma ou de outra ajudam a construir aquela atmosfera do filme original... mas apesar do esforço, adrien brody não é um protagonista à altura de arnold schwarzenegger e nem de danny glover, o roteiro é confuso, e o elenco (que conta com a nossa alice braga) digamos, não é dos mais expressivos.

à prova de morte - de quentin tarantino

...um psicopata se esconde atrás do volante de seu carro indestrutível perseguindo mulheres aparentemente inocentes... se clicar no postêr aqui do lado, você vai ficar chocado com a data original do lançamento do sexto longa metragem dirigido pelo mestre do cinema contemporâneo quentin tarantino... além da revolta no inacreditável atraso da estréia nos cinemas brasileiros, o longa ainda foi desmembrado do seu projeto original... ao lado de 'planeta terror', formava o 'grindhouse', uma homenagem as sessões duplas de filmes de baixo orçamento exibidas em 'cinemas-poeira' da década de setenta... o projeto ainda era composto por trailers e comercias falsos antes e entre as produções... enfim, 'à prova de morte' é mais uma obra-prima dirigida, escrita, produzida e fotografada (!) por quentin tarantino... ao contrário de umas cópias fajutas que surgiram depois que tarantino revolucionou a forma de ser fazer cinema no início da década de noventa, as obras do diretor de 'pulp fiction' não possuem estilo pelo estilo e sim estilo pelo conteúdo e forma... aqui ele brinca com as supostas limitações técnicas, cria seqüências e diálogos antológicos e prova que sabe tudo e mais um pouco de cinema... é sempre um prazer indescritível assistir tarantino.

shrek para sempre - de mike mitchell

...shrek sente falta da adrenalina e da liberdade que tinha no passado, por esse motivo acaba assinando um pacto mágico com o trapaceiro rumpelstiltiskin... todo tipo de relação chega ao seu limite?... apesar da minha habitual negativa para esse questionamento, tenho que concordar que quase a maioria da população no planeta pensa que sim... e pelo visto os próprios produtores da franquia shrek pensam o mesmo... acreditando que o casamento tenha sido o grande responsável pelo fracasso do terceiro filme da série (que de fato é terrível, mas é claro que por outros motivos) os responsáveis pela produção decidiram apostar no passado... em um meio flashback / meio realidade paralela (lost?), o ogro shrek após descobrir que era mais feliz no casamento (falei!), terá que reconquistar não só a sua amada fiona (e conseqüentemente os seus filhos), mas também a amizade do burro, do gato de botas, do dragão e etc... ou seja, o filme tem a maior cara de ser o primeiro da série (a fórmula que deu mais certo)... é uma bela e simpática despedida, mas em 3d, para arrecadar um pouquinho mai$.

encontro explosivo - de james mangold

...a caminho do casamento de sua irmã caçula, uma mulher se vê envolvida em uma trama internacional após esbarrar em um misterioso homem... hollywood é uma indústria que produz principalmente tipos, e como todos nós já sabemos, não costuma arriscar muito... assim, mantém e repete sempre o que dá certo... fórmulas, atores, morais, tramas e personagens costumam saltar de uma produção para outra na maior naturalidade... em 'encontro explosivo', tradução para 'knight and day' (?), hollywood recortou e colou o tom cruise dos filme de ação, a cameron diaz loira, engraçada e sexy, e até mesmo o peter sarsgaard que nunca é quem parece ser e o paul dano e seu tipão pseudo-retardado... o resultado?... apesar da sensação de já ter visto tudo (personagens, cenas, história, tudo!) em alguma outra sessão, é bem divertido... o filme dirigido pelo eclético james mangold (de 'garota interrompida', 'identidade', 'os indomáveis', entre outros) acerta ao alternar ação e comédia, nas músicas de 'hall and oates' e principalmente, na química entre cruise e diaz.

toy story 3 - de lee unkrich

...woody, buzz e seus companheiros terão que lidar com fato de que o seu dono, andy, está indo para a faculdade... todo filme (produto) tem o seu público-alvo, alguns atingem até milhões de pessoas e outros umas poucas dezenas... e saber identificar para quem a produção está 'falando' é um grande passo para evitar uma possível decepção... em 'toy story 3', o diálogo se estabelece de fato entre o longa e o público que cresceu junto com o filme, e que está mais ou menos na fase do personagem andy, indo para a faculdade ou saindo de casa... não que o filme não seja também para os nenéns ou para os vovôs, mas faz muito mais sentido se você foi crescendo junto com a série... não à toa é muito triste para os pequeninos (logo também para os pais), mas perfeito para aqueles que a pouco também tiveram que abandonar os seus woody's e buzz's... aí para essa turma (que eu me incluo) fica difícil não se emocionar ou pelo menos não se identificar com diversas passagens... a cena final serve para ilustrar a transição de uma geração para outra, que a partir de agora também terá as suas histórias, seus personagens favoritos e as suas referências.

eclipse - de david slade

...edward e jacob decidem unir forças para enfrentar uma nova ameaça a vida de bella... desisto (!), amanhã eu vou comprar (ou pegar emprestado com alguém) os livros da saga crepúsculo... não é nem para tentar entender a histeria coletiva de teens (que de tempos em tempos estão dispostas a gritar e se descabelar por qualquer coisa que apareça), e o sucesso que cerca tudo relacionado a saga, é na verdade para ver se os livros são tão terríveis quanto os filmes... meu deus do céu, tudo e todos na produção de 'eclipse' são sofríveis... as seqüências, o trabalho técnico, as atuações e as motivações inacreditáveis que movem toda a trama do filme são contrangedoras... ainda assim no meio desse caos, o triângulo amoroso formado por edward, jacob e bella consegue se 'destacar'... me desculpem, mas não tem como não rir... acredito que a 'antológica' cena na barraca de camping possa falar por mim (qualquer coisa para salvar bella!)... por sinal, a personagem mais chata da história pode ser melhor compreendida em uma das mais 'complexas' letras da nossa música, do grupo spc ou só pra contrariar: 'tô fazendo amor com outra pessoa / mas meu coração vai ser para sempre seu'... ok, parei por aqui.

o pequeno nicolau - de laurent tirard

...um menino entra em desespero quando suspeita que vai ganhar um irmão, pensando que assim seus pais não lhe darão mais atenção... adaptação das histórias infantis criadas por rené goscinny e jean-jacques sempé... filmes com crianças ou são patéticos e insuportáveis ou são apaixonantes e fantásticos, mais do que em qualquer outro gênero cinematográfico, nesse caso não a meio termo... costumam agradar mais os filmes com crianças problemáticas, inseguras ou simplesmente normais, do que aqueles estrelados por miniaturas de agente secreto, superdotados ou atletas... e o espetacular 'o pequeno nicolau' está muito mais para um 'pequena miss sunshine' do que para um 'o guerreiro didi e a ninja lili'... ou seja, a produção francesa é a prova de que um filme com ou para criança, não necessariamente precisa ser infantil no pior sentido, pode e deve divertir a pais e filhos... elenco afiado e roteiro preciso são só algumas das características dessa produção que não se excede em nenhum momento e é forte candidata a conquistar o posto de melhor filme do ano aqui no blog... imperdível.

brilho de uma paixão - de jane campion

...a história real do romance entre o poeta inglês john keats e a sua jovem vizinha fanny brawne... a experiência de assistir um filme, aparentemente simples, sofre muito mais influência da gente do que pensamos e vice-versa... por isso o momento errado, um dia ruim, cansaço ou até uma simples lembrança interferem diretamente na nossa opinião sobre uma produção, ao mesmo tempo que o filme causará em cada pessoa um sentimento diferente... hein? deixa eu dar um exemplo... você nunca viu um longa que 'detestou!' e depois revendo em um outro momento 'não achou tão ruim assim'?... ou ainda, não existe um filme que você não gosta porque te lembra uma tal pessoa ou momento?... então, deixa eu te avisar antes, 'brilho de uma paixão' é um filme que nos esgota emocionalmente e não é sempre que estamos dispostos a isso, portanto, não é para ser visto em um momento qualquer... é preciso estar preparado para assitir ao novo e excelente trabalho de jane campion (do sublime 'o piano'), que constrói dolorosas sequências quase que para serem apenas sentidas... as expectativas e os sentimentos vividos pelos jovens protagonistas são sufocantes... se você estiver disposto a tudo isso, a experiência, na minha opinião, será inesquecível.