...o interminável quebra-cabeça da vida cotidiana na estréia do roteirista charlie kaufman como diretor... a história fantástica de um homem que nasceu velho... uma saga de vingança orquestrada por um afiadíssimo tarantino... as inconfundíveis e mágicas cores do cinema de almodóvar... a melhor e mais engraçada atuação do ano... o reencontro de kate winslet e leonardo dicaprio... a obra-prima que veio da turquia... o retrato de uma menina que não é tão boa em literatura, mas que sabe tudo sobre sexo e drinks... o sonho de james cameron transformado em uma espetacular realidade... e o dia em que uma nave espacial saiu da mesmice e estacionou sobre a capital da áfrica do sul... eu sei que faltam esse e aquele, que você não concorda com nada e que essa lista 'é uma puta injustiça'... mas de 30 finalistas, esse é o top 10 do lostinhollywoodland em 2009...
1.sinédoque, nova york, de charlie kaufman
2.o curioso caso de benjamin button, de david fincher
3.bastardos inglórios, de quentin tarantino
4.abraços partidos, de pedro almodóvar
5.simplesmente feliz, de mike leigh
6.foi apenas um sonho, de sam mendes
7.3 macacos, de nuri bilge ceylan
8.stella, de sylvie verheyde
9.avatar, de james cameron
10.distrito 9, de neil blomkamp
...muito obrigado a todos que acessaram (ou não) o blog neste ano e até 2010 :)
...na distante lua de pandora, um herói relutante embarca em uma jornada de rendenção e descoberta... trabalhando no roteiro há mais de dez anos e com a idéia de realizar um projeto assim desde que viu pela primeira vez no cinema 'star wars uma nova esperança' em 1977, o cineasta james cameron finalmente tornou, e em grande estilo, o seu sonho em realidade... para isso acreditou no seu inegável talento e na mais moderna tecnologia existente... comprou brigas contra estúdios e produtores descrentes na sua megalomania... e ainda, arriscou tornar-se o maior fiasco da história do cinema... orçado em 500 (!) milhões de dólares, 'avatar', é um (grande) passo para um novo grau de experiência e realização cinematográfica... mas é mais do que isso... falar só dos efeitos e da ultra moderna tecnologia empregada na sua produção, é diminuir, e muito, o mérito do seu realizador... o vencedor do oscar por 'titanic' entrega para os espectadores um deslumbrante delírio visual, embalados por espetaculares sequências de ação e uma atual mensagem ambiental... tudo em um ritmo perfeito e técnica impecável... ao final, a impressão que fica é que no sonho de james cameron, não há absolutamente nada fora do lugar... para ver e rever.
...toda manhã um professor universitário tem a companhia de hachiko, um cão da raça akita, que o acompanha até a estação de trem e ao final do dia retorna para recebê-lo... olha, a história pode ser linda, fofa, emocionate e tal, mas "sempre ao seu lado" serviu apenas para que eu chegasse a conclusão definitiva de que simplesmente detesto filmes de/com cachorros... mais do que qualquer outra espécie animal metida a astro de cinema, o melhor amigo do homem (?) nas telonas possui sempre uma sagacidade irritante... jogam basquete, tênis, futebol americano, pique-bandeira, sinuca, queimado, isso quando não são agentes federais que trabalham para o governo norte-americano ou todo santo dia acompanham o seu dono até a estação de trem... ai que saco... para piorar tudo o animal aqui ainda estava acompanhado do ator richard gere, o que pontecializou e muito a chatice... o cineasta sueco lasse hallström, que eu admiro muito, espreme o espectador com todas as forças e recursos possíveis até que saia alguma lárgrima... e bem, comigo não funcionou.
...a história da vida de pipa lee, uma mulher que possui, aparentemente, uma vida perfeita... com uma história nem tão original (roteiro da diretora rebecca miller baseado no livro que ela própria escreveu) e um elenco de estrelas um tanto fora do tom e em sua maioria fazendo apenas participações especiais (robin wright penn, monica bellucci, alan arkin, winona ryder, julianne moore, maria bello e keanu reeves) o novo longa da esposa de daniel day-lewis (como é mais conhecida) chegou de forma discreta aos cinemas e agora saí para descansar eternamente nas sessões do super cine, na emissora do plim-plim... não que a produção seja tão ruim assim, tem até bons momentos e uma excelente montagem, mas possui uma falsa profundidade típica dos exemplares daquela sessão... a história de uma mulher que possui um misterioso passado, um presente de aparências e quer mudar o seu próprio futuro embalados por um final do tipo "surtei e vou abandonar tudo porque a vida continua"... agora o momento "hein?" ficou por conta de um, digamos, pálido keanu reeves quando o seu personagem resolve rezar (?)... só vendo para entender... ou não.
...uma compilação de onze curtas-metragem passados em nova york... depois de declarar amor a cidade de paris, o cinema agora homenageia a babel nova york... para isso os mesmos produtores de "paris, eu te amo", escalaram um time de onze cineastas, iniciantes ou experientes, e um outro incontável número de atores e atrizes para realizar o bonitinho "nova york, eu te amo"... o que difere as duas produções por sinal, é que aqui os personagens transitam entre um enredo e outro, mesmo que com pouca ou nenhuma interferência... mas no geral a fórmula é a mesma, a cidade como personagem principal e todas as suas características e influências sociais, culturais e econômicas sobre seus habitantes... a produção só encontra uma pequena dificuldade de varição no ritmo, afinal, os curtas vão do drama a comédia constantemente... alguns poderão sentir falta de woody allen e martin scorsese, cineastas que representaram tão bem a big apple nos cinemas, mas a declaração a metrópole "de onde todos vieram de um outro lugar" foi realizada com paixão.
...uma solitária professora de violão apaixonada pelo seu novo vizinho, está disposta a fazer de tudo para fazer esse romance dar certo, inclusive, parar de fumar... uma coisa é fato... o novo longa de anna muylaert "é proibido fumar" ousou... não que tenha tido êxito em todas as suas ambições cinematográficas, mas pelo menos arriscou sair do lugar comum do cinema nacional... variando por diversos gêneros e estilos narrativos, a produção inicialmente vende uma imagem de comédia romântica musical, com a tragédia, o drama e o suspense policial, aos poucos tomando conta da trama... e é aí que mora um pequeno problema... anna muylaert não é pedro almodóvar... e essas mudanças e fusões absurdas de muitos temas, que consagraram o cineasta espanhol, são complicadas de serem realizadas... enquanto o longa cumpre o papel perfeito na comédia, derrapa no tom da tragédia, que não soa convicente... enfim... o trabalho da atriz glória pires é mais uma vez excelente e é sempre bom prestigiar o cinema nacional quando ele ousa... ou pelo menos quando ele tenta.
...um casal resolve usar uma câmera para gravar tudo o que acontece a noite enquanto eles dormem... estão todos se perguntando "como um filme que custou apenas onze mil dólares pode ter virado a sensação do ano de 2009 nos cinemas"... simples... ok, nem tão simples assim... mas o problema é que no atual cinema capitalista, associam doláres a bons resultados... equívoco total... e o cineasta oren peli, seguindo o modelo revolucionário de "a bruxa de blair", comprova isso para todos os capitalistas de plantão... talento, criatividade, técnica, superação, além de uma simples e esperta campanha online de marketing, podem e fazem toda a diferença... em "atividade paranormal", dois atores, uma câmera, um cenário e nenhum assassino imortal invencível desafiam o espectador em um pouco mais de oitenta minutos de pura tensão psicológica... cheio de sutilezas o longa realmente convence e é surpreendente... só para ter uma noção, o orçamento do último e terrível filme do jason é três mil vezes maior do que desta pérola do cinema de terror... por essas e outras já vale o ingresso.
...quando um jovem indaga harry caine sobre seus dias de cineasta, o amargurado homem acaba revelando detalhes de sua vida e de um determinado acidente que o deixou cego... ainda pequenino, com apenas dez anos de idade, fui levado pela minha mãe ao cinema para assistir "tudo sobre minha mãe"... e nunca mais perdi um filme do almodóvar nos cinemas desde então... as tais cores de almodovár haviam me hipnotizado... e mesmo não entendo muita coisa naquela época, os longas do cineasta espanhol de alguma forma me fascinavam... agora alguns anos depois ao assistir ao seu novo longa "abraços partidos", a sensação é a mesma... calma, agora eu entendo (?) os filmes e seus diálogos típicos e impróprios para menores... mas o fascínio pela elegência, beleza e paixão com que pedro almodóvar produz os seus filmes continuam o mesmo... é emocionante assistir o desempenho de todo o elenco (a atriz penélope cruz está mais uma vez radiante), a beleza de determinadas sequências, o trabalho técnico altamente refinado, o roteiro (sempre) inteligente e o amor que almodóvar nutre pelo cinema, onde aqui homenageia a sua próprio carreira... o resultado é demais.
...ebenezer scrooge tratava mal os empregados e a pouca família que tinha e ainda considerava o natal uma festa sem sentido, até ser visitado pelo fantasma de seu antigo sócio... curta ou longa metragem, com ou sem som, em preto e branco ou em cores, com os muppets ou tio patinhas... todos e de todas as formas já realizaram a sua versão para uma das obras mais conhecidas de charles dickens, "um conto de natal"... e o vencedor do oscar de melhor diretor por "forrest gump", robert zemeckis, se achou no direito também de fazer a sua... a diferença dessa nova adaptação para todas as outras, é a tecnologia da produção: 3d estereoscópico com captura de movimentos e projeção em imax... tecnologia que não foi suficiente para tornar o resultado interessante... apesar do domínio técnico, o cineasta não encontrou um foco nem se quer de um público alvo, a produção apavora em excesso os pequeninos e cansa demais os adultos... muito bom mesmo é assistir a gary oldman roubando a cena mesmo em animação computadorizada... no mais é tudo muito cansativo e repetitivo... achei chatão.
...eric bishop, um carteiro enfrentando diversos problemas pessoais, encontra ajuda quando o seu grande ídolo, o ex-jogador de futebol eric cantona, aparece para te dar conselhos... vencedor da palma de ouro de cannes em 2006 pelo pesado "ventos da liberdade", o diretor ken loach mais uma vez surpreendeu... para contar a história de um decadente carteiro que em suas alucinações passa a ver o ídolo do manchester united, o cineasta abusa do humor e da tragédia em uma verdadeira aula de cinema... beirando o surreal em diversas sequências, o longa faz rir, chorar e refletir... com ótimas atuações, diálogos convicentes e a participação mais do que especial do craque eric cantona, "a procura de eric" até me fez esquecer do fraquíssimo filme anterior de loach, "mundo livre"... a incrível sequência final revela que perto do talento e do que ken loach é capaz de fazer, o artilheiro eric cantona é um verdadeiro perna de pau... realmente muito (!) bom.
...em busca de uma virada em sua vida, julie powell resolve criar um blog onde escreverá sobre as experiências de realizar sozinha as quinhentas e vinte quatro receitas do livro de julia child... baseado em duas histórias reais... simplesmente uma das melhores atrizes da história do cinema... meryl streep sobra em todos os filmes... carisma, talento, timing para comédia e força dramática... é bem provável que seu nome esteja presente pela décima sexta vez (!) em sua carreira na lista dos indicados ao oscar... e por isso a diretora nora ephron apoia a estrutura do seu filme no talento da atriz... quando a coisa começa a ficar meio cansativa meryl streep, contracenando com o sempre ótimo ator stanley tucci, aparece para roubar a cena... tá certo que amy adams tem o seu valor, a direção de arte e fotografia são competentes e a direção (considerando a carreira de nora ephron que inclui coisas como "mensagem para você" e "a feiticeira") é surpreendente... mas é claro, o melhor ingrediente do filme com todos os méritos é ela... meryl streep.
...a história dos quinhentos dias que durou o relacionamento de dois jovens, onde ele se apaixonou e ela não... a simpática comédia romântica indie "500 dias com ela", embalada por uma maravilhosa trilha sonora com the smiths, regina spektor, feist, pixies e outros, se fosse uma produção original do velho continente seria bem diferente... vou explicar... já no ínicio da produção somos alertados de que veremos um filme triste... claro, não é o que acontece... porque diferentemente dos exemplares europeus onde as pessoas acordam descabeladas, as coisas dão errado e tragédias acontecem, em hollywood o mundo é perfeito... anuncia-se um final triste e revela-se um meloso e feliz... talvez por uma questão cultural dos eua, talvez por uma questão de classificação etária e consequentemente perda de venda de ingressos, os relacionamentos lá acabam sem ninguem se xingar, agredir ou sei lá... eles apenas sofrem de forma fofinha... enfim, méritos para a esperta montagem e a forma como o tempo é trabalhado... fofura de mais/tristeza de menos a parte, é legal.
...baseado na incrível história real de elliot tiber, responsável direto e indiretamente pela realização do lendário festival de música de woodstock... sabem de uma coisa?... ang lee é o cara... é, e digo isso sem dúvidas... do drama gay ao filme de época, da arte-marcial a comédia e de taiwan a hollywood, o cineasta vencedor de quase todos os prêmios existentes, passeia pelos mais variados gêneros do cinema e diferentes culturas, e não perde a essência... em "aconteceu em woodstock" ao invés de fazer como quase todos fariam, não coloca o revolucionário festival em primeiro plano e sim, a mudança interna de um único personagem em meio a todo caos daquele turbulento período... as atuações de primeira (destaque para a veterana atriz imelda staunton) ainda comprovam o seu talento na direção de atores... ang lee conquistou a crítica, o respeito do público e a sua independência cinematográfica porque fez (e faz!) por merecer.
...steve lopez, um famoso colunista do jornal los angeles times que vive em busca de histórias incomuns, descobre por acaso nathaniel ayers, um morador de rua tocando muito bem um violino com apenas duas cordas... na minha humilde opinião, o cineasta joe wright dirigiu um dos melhores e mais belos filmes da década, "desejo e reparação"... e você sabe né, expectativa é uma merd... assim, na comparação, o seu terceiro trabalho nos cinemas é sem dúvidas inferior... não chegando a ser decepcionante mas faltando algo... estão lá duas grandes interpretações (jamie foxx e robert downey jr. estão brilhantes), um talento inquestionável na direção e excelente acabamento técnico... então o que faltou?... talvez um pouco mais de emoção em determinadas cenas, talvez um pouco mais de foco do roteiro que tenta abraçar muitos e polêmicos assuntos ao mesmo tempo... a expectativa pode e deve ter algum tipo de influência na minha análise, talvez por isso ou não, o meu pensamento ao término da sessão era de "eu gostei, os atores estão bem, joe wright tem talento, mas faltou alguma coisa".
...um incidente na festa de aniversário de bella faz com que edward vá embora e arrasada, a jovem encontra consolo ao lado de jacob... eu não li o livro... e eu sei, eu sei... o tal livro deve ser um trilhão de vezes melhor do que isto... mas esse não é um site com comentários sobre os mais recentes lançamentos literários... é sobre cinema e ponto... e definitivamente o resultado do best-seller nos cinemas é no mínimo, desastroso... é lento, chato, meloso, (eu já falei lento?), arrastado (lento) e por vezes até mesmo um pouco irritante... a adaptação daquela garota chata divida entre o moreno lobisomem fortão e o vampiro frango branquelo é de fazer inveja ao velho manoel carlos... as falas do tipo "eu não vivo sem você", "você é a minha vida" ou "sem você eu morro" ganham contornos ainda mais constrangedores graças a trilha sonora de caixinha de música de camelô do compositor alexander desplat... é sem dúvidas, o maior sucesso comercial do ano e um dos maiores dos últimos tempos... a produção tem como marca a melhor estréia da história do cinema (!) em bilheterias, cerca de setenta milhões de dólares... mas é também forte candidato ao framboesa 2010.
...séculos atrás, os maias previram o fim do mundo para o dia 21 de dezembro de 2012... aviso: falarei sobre quase tudo neste post, inclusive sobre o fim do filme... enfim... o diretor oficial de catástrofes globais de hollywood, o alemão roland emmerich, mais uma vez entra em ação para apresentar um desfile de efeitos especiais, ondas gigantescas, destruição inacabável, patriotismo tosco, diálogos constrangedores, atuações amadoras e comédia, muita comédia... se em seus trabalhos anteriores o cineasta já não prezava muito pela lógica, aqui meu filho, chutou o balde de vez... apoiado na teoria do fim do mundo dos antigos maias, a produção é um revezamento de cenas da sociedade indo pelo ralo e de sobreviventes que encontram tempo em meio ao caos para discutir a relação... não tem como não rir... depois de mais de duas horas de uma moral americanóide estúpida, surge o final... onde somente os bilionários (exceto uma pequena cota de pobres clandestinos) e os líderes do g8 sobrevivem rumo ao único continente que restou: áfrica... é ao mesmo tempo hilário, absurdo, sofrível e inacreditável.
...cinebiografia da estilista francesa gabrielle coco chanel... é fato que as cinebiografias francesas estão muito mais próximas do estilo hollywoodiano do que do estilo francês de fazer cinema... mas isso não é necessariamente uma coisa ruim... significa apenas que elas seguem uma fórmula pré-determinada... portanto, são pouco ousadas... previsíveis, digamos... caso de "coco antes de chanel"... tecnicamente competente (figurinos, direção de arte, cenários e ambientações impecáveis) porém, emocionalmente "morno" demais... a atriz amélie poulain, quer dizer, audrey tautou, esforça-se para dar dignidade ao papel da ousada e visionária estilista, mas não chega a apresentar uma grande atuação... e aí tudo vai ficando meio mais ou menos, sabe... todas as complicações de adaptar a vida de alguém para as telas, acabaram aqui, sobressaindo ao todo... faltou a ousadia típica de chanel.
...a produção retrata um mundo ficcional onde extraterrestres, após uma série de eventos misteriosos, tornaram-se refugiados na áfrica do sul... todo e qualquer gênero cinematográfico trabalhado com o mínimo de sabedoria e habilidade, pode ainda surpreender o público e gerar resultados geniais... o gênero em questão aqui é a "ficção-científica", dos mais antigos da sétima arte... e que nos últimos anos vem, digamos, capengando, sofrendo pela falta de originalidade... porém, eis que surge neil blomkamp, contando com o apoio do todo poderoso cineasta peter jackson, para dar um basta nessa tal situação... só pelo fato de a história não se passar nos estados unidos, já chama a nossa atenção, mas o jovem diretor vai além, e entrega um dos trabalhos mais originais da temporada... pode ser visto como um "filme para pensar" ou um excelente "blockbuster"... tem diversão e reflexão em um equilíbrio de dar inveja a spielberg... todos os clichês típicos do gênero são trabalhados em perfeito/frenético ritmo... o resultado final é para aplaudir de pé.
...henry tem um problema nos genes que faz com ele viaje no tempo, e em uma dessas viagens conhece clare, por quem acaba se apaixonando... com produção executiva de brad pitt (ao contrário do que vergonhosamente informa uma "rede de cinemas que é muito mais do que cinema", o astro não dirige o filme, é o produtor executivo, e só) o longa é mais um daqueles projetos baseados em um best-seller no qual eu nunca tinha ouvido falar até ver o filme... moldado para emocionar e comover o filme convence e cumpre o seu papel direitinho... os atores são bons, a trilha sonora sobe na hora certinha, os planos são bonitos e o diretor não inventa ou arrisca muito... acredite, você irá chorar... algumas cenas podem, por vezes, beirar a pedofilia, a manipulação e o duplo sentido (uma senhora sentada atrás de mim no cinema, não entendendo muito a situação, em determinada cena falou indignada em voz alta "pedófilo!"), mas podem ficar tranquilos, tudo tem uma explicação na bizarra característica do personagem principal em viajar no tempo... no final das contas, faz valer a pena o ingresso.
...uma produtora de televisão com problemas pessoais e profissionais passa a contar com a ajuda de um novo "colega" de trabalho... de tempos em tempos hollywood elege uma atriz para estrelar quase todas as comédias românticas que produz... a eleita da vez parece ser a atriz katherine heigl... o que pode ser um caminho um tantão perigoso para a chatinha do chatinho "grey's anatomy"... geralmente depois de usadas até o limite, essas eleitas acabam sendo descartadas e não conseguem estrelar mais nada muito sério... caso de meg ryan, por exemplo... enfim, recado dado, né? vamos ao filme (?) em questão... comédias românticas quando possuem argumentos chatos e/ou batidos (caso de quase todas) disfarçam-se de espertinhas, fofinhas, ou qualquer outra coisa... mas no final sucumbem a uma previsibilidade idiota e sem graça... a verdade nua e crua é que "a verdade nua e crua" é mais do mesmo... muito chato.
...durante a segunda guerra mundial, um grupo de soldados conhecidos como 'os bastardos', são os responsáveis por espalhar o medo e o terror, ao assassinar brutalmente os nazistas... diálogos memoráveis, elenco afiadíssimo, trilha sonora marcante, sequências antológicas, ritmo e execução irretocáveis, roteiro brilhante, direção impecável... com todos os méritos, é claro que eu estou falando de um filme de quentin tarantino... o cineasta que possui um estilo inconfundível/único de fazer filmes, mais uma vez, demonstra domínio completo no exercício da realização cinematográfica... da revolução de uma nova linguagem para o cinema com "cães de aluguel", no início da década de noventa, até este conto de vingança onde uma sala de cinema poderá mudar o destino da segunda guerra mundial, tarantino comprova um talento inquestionável... o longa nos presenteia ainda com a interpretação antológica do ator austríaco christoph waltz (premiado em cannes) de longe o melhor desempenho do ano nos cinemas... de obra-prima em obra-prima tarantino vai escrevendo o seu nome entre os mais geniais diretores e roteiristas de todos os tempos... oscar (ou oscars!) à vista?
...quatro amigos vão para las vegas para um festa de despedida de solteiro, mas depois de uma noite de bebedeira o noivo desaparece... eu até acreditei que estava indo assistir a mais uma comédia estúpida/besteirol americana... mas, surpreendentemente ou infelizmente, o que presenciei foi uma comédia com potencial para ser genial e que por detalhes caiu no lugar comum... com um argumento absurdo envolvendo três amigos que não lembram de nada da noite anterior, um noivo desaparecido, um tigre, uma galinha, um bebê, mike tyson (?) entre outras bizarrizes, o que faltou para a produção talvez tenha sido um diretor mais experiente ou quem sabe um elenco mais talentoso para dar os devidos retoques ao longa que por vezes perde um pouco o foco e a graça... os irmãos coens por exemplo, acredito que dariam um perfeito equilíbrio ao filme... bem, o resultado final é mediano e o desfecho preguiçoso... uma pena.
...uma professora de piano viúva que sonha em tirar o filho da cadeia, acaba se envolvendo com a advogada do primeiro comando da capital, grupo responsável pelos ataques que paralisaram a metrópole paulista no ano de 2006... o brasil vive um grande momento internacional... o atual cenário político e econômico do país, aliado ao prestígio mundial do nosso presidente, já renderam frutos como a conquista das sedes da copa do mundo de 2014 e das olimpíadas de 2016... mas ganhar um oscar ainda vai ser muito difícil... o nosso candidato para disputar uma vaga ao prêmio não é lá essas coisas... sérgio rezende, experiente cineasta, realizou apenas um bom filme... usando como base um grande acontecimento real, escolheu ficar entre a denúncia e a ficção... perde-se a oportunidade de retratar a tragédia social que são as prisões brasileiras... ganha-se um legítimo thriller nacional... de ruim mesmo só o elenco, onde salva-se apenas a atriz andrea beltrão... o oscar ficou longe... a não ser que de última hora a produção ganhe o apoio do nosso presidente, onde este iria até hollywood e faria um belo discurso a favor do longa... aí, meu caro, eu acredito.
...um violoncelista que perde o emprego em uma orquestra de tóquio, decide voltar para o interior, onde arruma um trabalho de preparar mortos para os seus funerais... e o oscar de melhor filme estrangeiro foi para um longa japonês depois de um espaço de tempo de cinquenta e três anos... o país oriental que já havia sido premiado em 1952 por "rashomon", em 1955 por "as portas do inferno" e em 1956 por "samurai", voltou a levar a cobiçada estatueta dourada para filme "em língua não-inglesa" com o belíssimo trabalho "a partida"... e olha que a disputa incluía os peso pesados "entre os muros da escola", "valsa com bashir", "o grupo baader meinhof" e "revanche"... o japão seguiu a cartilha certinha para ganhar um oscar... não, não é um filme sobre judeus, é uma história universal emocionante, com uma grande e bela mensagem para reflexão, trilha sonora espetacular e lágrimas, muitas lágrimas... merecido ou não, a obra japonesa tem muita qualidade... tirando as cenas do músico tocando ao ar livre com o pôr-do-sol ao fundo, que parecem ter saído de um dos dvds do "andré rieu"... tudo está em seu perfeito e devido lugar.
...um gesto obsceno durante um acidente de carro leva um homem e sua família a enfrentar a ira de um violento e influente veterano de guerra... o filme israelense "gesto obsceno" é um tantão esquisito... e bem pessimista ... com um certo "ar" de desilusão com a sociedade atual, o diretor tzahi grad apresenta um longa cheio de mensagens politicamente incorretas e motivações moralmente questionáveis... o personagem principal ao tentar resolver uma determinada questão, primeiramente, recorre aos meios legais para isso... mas ao ver que não há chance contra a "influência" o "poder" e o "sistema" decide recorrer a um método mais, digamos, direto... a mensagem final é clara: no mundo atual, só a violência resolve... talvez seja o reflexo de uma região que está sempre em conflito, ou, uma propaganda bélica fascista cheia de rancor e vingança... não sei o que a produção tentou provar... achei esquisitão.
...uma reviravolta do destino e um persistente garotinho de oito anos, dão um novo sentido a vida de um solitário idoso... é fato... não existe estúdio de cinema que mantenha o padrão de qualidade técnica e artística de todas as suas produções como a pixar... "toy story", "vida de inseto", "toy story 2", "monstros s.a.", "procurando nemo", "os incríveis", "carros", "ratatouille", "wall-e" e agora, "up altas aventuras"... dez produções que excedem (de forma positiva) todos os limites e padrões de excelência... roteiro genial e visual mágico são elementos básicos de suas produções... drama, comédia e crítica possuem perfeito equilíbrio... e em seu primeiro trabalho em 3d, claro, não foi diferente... um personagem inusitado para uma animação moderna (repleta de super-heróis e robôs) é o protagonista da vez... um senhor de setenta e oito anos é quem nos conduz por uma aventura bela, inspiradora e que nos faz sonhar... é impossível não se emocionar... ainda tem os curtas que antecedem os filmes... pura magia em forma de imagens em movimento... é cinema da melhor qualidade.
...um casal devastado pela morte de seu único filho muda-se para uma cabana isolada na floresta éden, onde coisas estranhas e obscuras começam a acontecer... seleção oficial do festival de cannes 2009 onde causou grande polêmica, "anticristo", o novo trabalho de lars von trier ("dogville") é realmente impactante... em todos os sentidos... desde a sua abertura toda em preto e branco em câmera slow acompanhado de uma ópera ao fundo, incrivelmente bem executada, até o desfecho sombrio e abstrato... sexo explícito, multilações, agressões físicas e psicológicas, dor, desespero e medo... tudo apresentado em uma áurea sombria repleta de simbologias, significados, surrealidade e elementos abstratos... o casal de protagonistas willem dafoe e charlotte gainsbourg (premiada em cannes) entregam-se em atuações corajosas e polêmicas... não é um filme comum, é uma experiência provocativa... e portanto, deve-se estar preparado para tudo isso.
...leonard um jovem atraente, mas pertubado, volta para a casa dos pais após tentativa de suícidio, e nesse retorno, acaba conhecendo duas jovens mulheres... era apenas para matar o tempo entre um compromisso e outro... e a única sessão que encaixava-se era a do longa "amantes"... e uau (!), não poderia ter sido melhor... escrito, produzido e dirigido por james gray (de "os donos da noite") superou todas as minhas expectativas... ok, antes de entrar vi na bilheteria que aquele bonequinho magrinho aplaudia o filme de pé, mas ele não é lá muito confiável... enfim... além de uma direção inteligente que brinca com o tempo e o lugar (através do ótimo roteiro) retratando uma história atemporal brilhantemente conduzida como poucas vezes vi, o filme ainda possui um elenco em grande forma liderados por joaquim phoenix (antes da atual fase rapper-com-visual-de-los-hermanos)... olha, se o filme tivesse acabado uma ou duas cenas antes, ficaria perfeito... talvez a única semelhança com o atual cinema de hollywood, o final explicadinho... mesmo assim, grande/grata surpresa.
...rui e vani estão completando treze anos de noivado, e para evitar que o relacionamento deles entre em crise, o casal decide realizar uma grande fantasia... toda adaptação tem as suas dificuldades de realização... e a de filmes que já foram série um dia também tem... não pode ser tão longo, se não fica com cara de um episódio infinito... não pode se passar no natal, se não fica parecendo especial de fim de ano... entre outras milhares de coisas... a série que virou filme e ganhou continuação intitulada "os normais 2 a noite mais maluca de todas" é bem curtinho e não se passa nas festas de final de ano, mas em compensação sofre e muito no "entre outras milhares de coisas"... principalmente no quesito "por que?"... o roteiro nem é tão bom, a produção e a direção são, digamos, preguiçosas, e os protagonistas luiz fernando guimarães e fernanda torres parecem que estão ali só pelo carinho que, acredito, sentem pelos personagens... perde feio na comparação com o filme anterior e para qualquer episódio da extinta série... não me parece ter sentido a sua realização.
...uma experiência realizada em uma sala de aula nos estados unidos no ano de 1967 é adaptada para a alemanha dos dias de hoje... cinema alemão contemporâneo é sinônimo de qualidade e debate político... a recente safra que conta com os premiados "adeus lênin", "edukators", "a vida dos outros", apresenta agora, "a onda"... ok, um pouco abaixo dos mencionados, mas não menos interessante... o diretor dennis gansel, realizou o que meu professor de filosofia chamaria de "filosofia soft"... simples e direto, de fácil entendimento para todos... a teoria é apresentada sem grandes complicações, atingindo assim, um maior público... além de retratar a instabilidade do mundo e das pessoas, o cineasta ainda levanta questões como: afinal é melhor viver em uma sociedade sem ideologias onde a palavra mais buscada no google é "paris hilton", ou em uma, cheia de causas e ideais que poderão levar a diferenças e, consequentemente, conflitos?... tá certo que poderia ser menos esquematizado, menos soft, mas mesmo assim, hoje, é um dos longas mais relevantes em cartaz.
...um garoto é enviado por sua mãe para uma instituição que promete dar saúde e educação, mas acaba tornando-se um interno... sabe aquele velho lema "o brasileiro não desiste nunca", pois é, aqui, quando todos os responsáveis ou todas as instituições socialmente "indicadas e preparadas" tinham desistido ou transferido seu ofício obrigatório, uma pedagoga francesa estava longe de abandonar a batalha... queria provar para todos os descrentes brasileiros que não existem crianças irrecuperáveis... existem, instituições moralmente falidas, desestruturação familiar e abandono dos menores... e conseguiu... não através da sorte, como afirma a diretora da febem, e sim, do trabalho, como rebate... e merecidamente virou peça de destaque, em grande atuação da atriz maria de medeiros, no belo e fundamental "filme-lição-de-moral" sobre a extraordinária vida de roberto carlos ramos, de desacreditado interno da febem a um contador de histórias com pós-graduação em literatura infantil, mundialmente reconhecido... não é um filmaço, mas deveria ser visto por todos.
...uma analista de crédito recusa o pedido de uma velha senhora, que como vingança, joga uma maldição sobre sua vida... já tava até estranhando ou sentindo falta... afinal, por onde andavam os filmes ruins?... porque foi como eu escrevi no post do longa "dragonball evolutuion" em junho deste ano, "um filme ruim é realmente fascinante e curioso", e principalmente, se eles ainda encaixam-se no gênero do inacreditável... que é sem dúvidas o caso de "arraste-me para o inferno" de sam raimi, diretor da bilionária franquia "homem-aranha"... além de muito ruim é realmente inacreditável... eu achei que a coisa era séria e tal, mas é uma palhaçada sem precedentes... eu não estou exagerando, caso você seja arrastado para o inferno (leia-se arrastado para a sessão desse filme) irá conferir um festival de cenas nojentas, mexicanos exorcistas, macumbas ciganas, cabras (?) falantes e enfim... na falta de uma boa comédia em cartaz, e na sobra de algum dinheiro no bolso, até que vale a pena.
...uma adolesecente em férias com a sua família, surpreende-se ao flagrar o pai beijando outra mulher... e o cinema brasileiro parece que resolveu responder/rebater este humilde blog... depois de assistir o sensacional longa "se nada mais der certo", me empolguei e resolvi procurar por outro brazuca em cartaz... e "à deriva" era o nome da vez... dirigido por heitor dhalia (de "o cheiro do ralo"), é a prova de quanto o cinema nacional pode ser excepcional... sob a ótica de uma menina de quatorze anos de idade, que tenta entender o que está acontecendo com os seus pais ao mesmo tempo em que tem de lidar com a adolescência e tudo que cerca essa etapa da vida, heitor dhalia construiu um dos filmes mais emocionantes da temporada... do primeiro ao último segundo, é um retrato doloroso de estar ou crescer à deriva... aqui todos encontram-se em tal situação... pais e filhos encarando uma triste realidade que gostariam de esconder/esquecer, mas que insiste em aparecer... emocionante.
...quatro pessoas unem-se para aplicar um golpe, fazendo com que criem assim um forte laço afetivo... finalmente... depois de uma série de longas duvidosos e, de alguma maneira, equivocados, o cinema nacional lançou um filme digno... "se nada mais der certo" do diretor josé eduardo belmonte é simplesmente fantástico... bem atuado (todo elenco de uma maneira geral está bem, mas o desempenho da atriz caroline abras é memorável), dirigido com inteligência, precisão e emoção, além de uma técnica envolvente (a fotografia de andré laverene valeria um oscar), o filme vencedor de 3 prêmios no festival do rio 2008 incluíndo melhor filme, é uma luz de esperança e alegria no cinema nacional em plena crise de identidade... em tempos de "a mulher invisível", "jean charles", "divã" ou "se eu fosse você 2", assistir um filme desse nível e categoria é um verdadeiro alívio... acredito que desde "estômago" não ficava tão satisfeito com um filme nacional.
...mulheres com problemas pessoais encontram-se regularmente em um salão de beleza, onde conversam abertamente sobre tudo... saem carrie, samantha, charlotte, miranda, nova york, quinta avenida, manolo blahnik, gucci... entram layale, nisrine, rima, jamale, beirute, um decadente salão de beleza... ficam as conversas sobre amor, sexo e homens... calma, eu sei, parece loucura comparar a série de tv made in usa (e recente filme) "sex and the city" e o longa libanês, escolhido como representante oficial do país na última corrida ao oscar de melhor filme estrangeiro, "caramelo"... mas na essência é isso... mulheres em suas mais diversas ocupações e condições sociais e culturais debatendo seus problemas, dilemas e expondo seu sonhos e frustrações de maneira franca... ok, comparações insanas à parte, elogios para a ousadia da bela diretora e atriz nadine labaki, em retratar mesmo em uma sociedade oriental com pensamentos ainda um tantão conservadores, assuntos como virgindade, homossexualidade e casos extraconjugais... o resultado final é belo, simples e comovente, taí uma grande (!) diferença com a tal série de tv norte-americana.
...nos anos trinta, a justiça norte-americana corre atrás de três famosos mafiosos, john dillinger, baby face nelson e pretty boy floyd, durante a era da depressão econômica... com câmera de hd nas mãos o excepcional diretor michael mann tenta reinventar, como pode, o cinema americano... assim como faz o cineasta david fincher, realiza e produz filmes de arte, técnicamente impecáveis e com grandes orçamentos... mais uma vez explorando o embate entre dois personagens masculinos, assim como fez em "fogo contra fogo", "colateral" e quase todos os seus outros longas, michael mann realizou um filmaço... cinemão de gente grande... é possivel ainda traçar um paralelo entre a era do pós-depressão de 1929 e o clima do atual cenário econômico mundial, ambos tendo bancos e grandes corporações como pratagonistas da crise... como os acadêmicos adoram histórias de época e biografias de personagens controversos, além da própria excelência técnica da produção, "inimigos públicos", abriu oficialmente a corrida para aquela tão ambicionada estatueta dourada... ah, ainda tem johnny depp (!)... imperdível.
...o diretor rob zombie reconta a origem do psicopata michael myers, a partir do clássico de 1978 "halloween a noite do terror" de john carpenter... depois de inexplicáveis dois anos de atraso, finalmente chegou aos cinemas brasileiros "halloween o início", do músico/dj/desenhista e cineasta, rob zombie... e surpreendentemente, o resultado até que é bom... o objetivo claramente não era o de realizar um clássico ou uma obra-prima do terror e sim, recuperar e recriar, de forma competente, a atmosfera dos longas do gênero produzidos nos anos setenta e oitenta... e isso, sem dúvidas, rob zombie conseguiu... pode até faltar uma coisa aqui e outra ali, mas no geral o resultado é satisfatório... todos os aspectos típicos de um slasher movie, estão aqui... muito sangue, mortes e aquela cidadezinha sendo dizimada por um assassino invencível... elogios ainda para a competente fotografia... é trash na medida.
...quando uma poderosa editora de livros se vê diante da deportação para o seu país de origem, o canadá, a executiva declara que está noiva de seu injustiçado assistente... a atriz sandra bullock bem que tentou ser uma atriz séria... até comprou (?) participações em filmes mais sérios como "crash no limite" e "confidencial"... mas ela nasceu para estrelar produções despretensiosas como "a proposta"... não é a toa que voltou ao topo das bilheterias mundiais quando resolveu retornar ao gênero que a consagrou... é realmente difícil associar a imagem da atriz de filmes como "o demolidor", "velocidade máxima", "da magia à sedução" e "miss simpatia" a alguma coisa séria... por isso, sandra bullock deve mesmo apostar em filmes assim, bobos, previsíveis, engraçados e melosos, mas no qual ela sempre se saí tão bem... resta saber até quando a atriz de quarenta e cinco anos (?) irá se encaixar em produções do tipo, sem pagar mico.
...juliette retorna à sua família e à sociedade, após quinze anos de ausência e rejeição... apesar do título, "há tanto tempo que te amo" não é um romance... é na verdade, pesado, desconfortável e sufocante... sobre solidão, rejeição, problemas familiares e traumas do passado que permanecem tão presentes... e somente aos poucos vamos descobrindo o que aconteceu e passamos a entender a dor e o sentimento de culpa que consomem os personagens de forma tão devastadora... totalmente entregue a personagem e sem um pingo de glamour, a atriz kristin scott thomas, apresenta uma das atuações mais completas e complexas da temporada... do diretor estreante, philippe claudel (que também assina o roteiro), uma habilidade e sensibilidade narrativa digna de um veterano... um grande trabalho sobre recomeçar do zero após uma tragédia... bom demais.
...stella, uma menina de onze anos que mora com os pais em um bar, passa a conhecer um novo mundo a partir de uma amizade feita em seu novo colégio... se tem uma coisa que o cinema americano pouco ou quase nunca consegue e o cinema europeu realiza com o pé nas costas, são os "filmes de verdade"... não estou aqui acusando o cinema hollywoodiano de falso (ou estou?) mas pessoas de verdade, com histórias e problemas de verdade e com todas as consequências cruéis ou não que a verdade pode trazer, você encontra de sobra no cinema europeu... no longa francês "stella" acompanhamos a trajetória de uma menina de onze anos que mora com os pais em um bar em paris... uma criança que não é tão boa em literatura, mas que sabe tudo de sexo e drinks... e que é jovem para ser adulta e madura para ser criança... as oportunidades, mudanças, paixões, dúvidas, medos e desejos de stella são apresentadas de uma forma tão natural e verdadeira que é difícil não se envolver... em um tom autobiográfico, sylvie verheyde realizou um filme apaixonante... e de verdade.
...bem no dia de uma festa de casamento em uma pequena aldeia romena, morre josef stálin, e qualquer tipo de comemoração é proibida, mas a família e os convidados decidem dar um jeitinho... não se engane pelo tom pitoresco e escrachado da produção romena "casamento silencioso", o diretor horatiu malaele (um conhecido ator na romênia) faz graça apenas para denunciar e relembrar as covardias e barbaridades cometidas pelos soviéticos... a morte do lider todo poderoso stálin, impõe a toda região dominada pelos comunistas um luto de sete dias, com qualquer tipo de evento social proibido (incluíndo casamentos, enterros, etc), e é a partir disso que acompanhamos uma sequência de cenas e momentos bizarros e inacreditáveis... por trás de uma narrativa e construção dos personagens praticamente teatrais, com referências a quase todos os gêneros do humor, revela-se uma ferrenha crítica política e a terrível dor de um país que não consegue se esquecer do seu (recente) passado.
...um experiente compositor é demitido após perder um vôo, o que o leva ao bar do aeroporto para afogar as suas mágoas, local onde acaba conhecendo uma mulher que transformará a sua vida... essa mesma história com um outro par de atores teens resultaria em mais uma daquelas terríveis comédias românticas que insistem em ser lançadas toda semana nas salas de cinema... mas, para nossa sorte, o diretor joel hopkins escalou dois dos melhores e mais talentosos atores do cinema... os vencedores do oscar dustin hoffman e emma thompson... do ator premiado por "kramer vs. kramer" e "rain man" mais uma atuação extraordinária... da atriz premiada por ""retorno a howards end" e "razão e sensibilidade" uma composição maravilhosamente verdadeira e apaixonante... o resultado é óbvio como toda comédia romântica, mas o desempenho dos protagonistas faz valer cada centavo pago pelo caro ingresso.
...manny, ellie e diego precisam entrar em mundo subterrâneo para resgatar sid... é fato que as aventuras de sid, diego e manny nunca tiveram a excelência técnica ou a genialidade dos roteiros presentes sempre nas produções da pixar, mas também não há como negar o enorme carisma da simpática série glacial... em "a era do gelo 3" a novidade fica por conta de alguns novos personagens e o fato de que o filme pode ser assistido também em 3d em algumas salas de cinema... ok, um 3d bem tímido e discreto, mas divertido... mesmo não possuíndo o mesmo vigor das duas aventuras anteriores, o longa dirigido novamente pelo brasileiro carlos saldanha, não chega a decepcionar... os melhores momentos mais uma vez ficam por conta da saga paralela do sensacional personagem scrat... com um enorme sucesso de público e apelo comercial, claro já se planeja uma nova continuação para os próximos anos.
...uma garota avisa ao namorado que decidiu fugir de casa para recomeçar a vida em outro lugar deixando tudo, inclusive, ele... para um filme dirigido por um jovem e estreante diretor, com um orçamento mínimo e quase todo filmado dentro de uma universidade do rio de janeiro, até que o resultado é bom... o modesto "apenas o fim" conta a história de um fim diferente para um relacionamento amoroso... referências de todo tipo do universo pop pipocam na tela a cada diálogo do casal... por sinal, o filme todo é isso, um diálogo entre "ele" e "ela"... o público parece ter aprovado o resultado do longa, tanto que o filme saiu vencedor da categoria melhor filme júri popular nos festivais de cinema do rio de janeiro e de são paulo... acredito que só o excesso de se auto afirmar como indie e intelectual que incomoda um pouco, pois o filme não é tão esperto quanto afirma ser... agora, quando está sem essa máscara toda, até que é bastante agradável.
...um homem decide assumir a responsabilidade de um acidente de carro causado pelo seu chefe, um político, em troca de dinheiro... vencedor do prêmio de melhor direção no festival de cinema de cannes em 2008 "os três macacos" é uma obra de arte imperdível... com pouquíssimos diálogos e muitos fatos subentendidos o diretor turco nuri bilge ceylan, apresenta a história de uma família contaminada pela corrupção e com enorme incapacidade de comunicação... os três macacos... um não vê, um não fala e o outro não ouve... corrupção, mentiras, traição e traumas familiares do passado são discutidos e apresentados em um doloroso e angustiante silêncio... o trio de protagonistas yavuz bingöl, hatice aslan e ahmet rifat sungar (respectivamente interpretando pai, mãe e filho) conseguem extrair de um vazio sombrio, grandes interpretações... quando flerta com o sobrenatural (no caso, um espírito) o cineasta comprova sua imensa técnica e sensibilidade apresentando duas cenas absolutamente memoráveis... é necessário concentração total do espectador para se ouvir o que não se fala e ver o que não se mostra... belíssimo trabalho.
...a história real de um eletrecista brasileiro que vivia em londres e foi assassinado no metrô pela polícia britânica ao ser confundido com um terrorista... na primeira co-produção entre o brasil e a inglaterra, o objetivo era contar a história de jean charles de menezes e a injustiça e covardia cometido por um omisso governo britânico... porém, o resultado não foi nada bom... fraco e desfocado o filme não é o que diz ser... em um longa chamado "jean charles" a idéia era conhecer e assistir a história da vida de jean charles... mas o filme ampliou o verdadeiro centro, e ficou desinteressante... aqui não deveria importar determinados eventos, como a prima indo a boate ou ao curso de inglês... o foco deveria ser totalmente na vida de jean charles... origem, causas e consequências... o projeto não assume posição nem como cinebiografia nem como um protesto... um assunto tão importante e que merece ser debatido e apresentado não poderia ficar sendo interrompido por um show do sidney magal.
...em plena crise por ter sido abandonado pela sua esposa, um homem recebe a visita de uma misteriosa mulher ideal... em seu terceiro trabalho como diretor (os anteriores foram "redentor" e "a mulher do meu amigo") cláudio torres errou feio... me desculpem, mas "a mulher invisível" é um saco... eu tinha até esperanças... mas nossa, que filme chato... tentou ser comédia, romance e drama, mas não conseguiu nada... a total falta de ritmo e definição chega a cansar... selton mello interpreta selton mello e luana piovani, bem, ela é bonita... de engraçado mesmo, só o personagem da atriz fernanda torres, que grávida, parece estar ali fazendo um favor familiar... o filme é uma vísivel tentativa de um cinema nacional comercial e socialmente descomprometido (vide, o selos produtores envolvidos e a quantidade de patrocinadores) mas assim não dá... se eu fosse aquele famoso bonequinho tendencioso levantava e ia embora do cinema.
...o professor de simbologia robert langdon é chamado pelo vaticano para investigar o desaparecimento de quatro cardeais... ok, ron howard não é brilhante, está até longe disso, mas de fato é um bom diretor... alternando sempre projetos com grande apelo comercial e outros um pouco mais discretos, o diretor vencedor do oscar em 2002 pelo ótimo "uma mente brilhante", costuma acertar e vai aos poucos construíndo um bom currículo cinematográfico... se dirigiu bombas como "o grinch" realizou por outro lado, um dos melhores filmes de 2009, "frost nixon"... em "anjos e demônios" ficou na média... fez prova só para passar de ano... o longa supera (e muito) a aventura anterior de robert langdon "o código da vinci", mas também não é nada assim tão fantástico... a conspiração religiosa é na verdade, pura diversão... tem ótimo ritmo, cenas de ação, boa técnica, tom hanks e ewan mc gregor... ah, eu aprovo.
...a história de ernesto "che" guevara, quando este deixa o méxico rumo a cuba para ajudar fidel castro em sua tentativa de derrubar o governo de fulgêncio batista... mito, herói, líder, revolucionário, assassino, médico, guerrilheiro... umas das figuras mais emblemáticas do século xx finalmente ganhou um retrato cinematográfico a sua altura... não, eu não esqueci do fantástico "diários de motocicleta" de walter salles, mas esse longa era sobre a juventude pré-revolucionária de ernesto... em "che o argentino" o foco é no che político/guerrilheiro... por trás das câmeras dessa corajosa saga, o diretor vencedor do oscar, steven soderbergh... na pele do guerrilheiro, o também vencedor do oscar, o ator benício del toro, em uma atuação premiada no festival de cinema de cannes em 2008... o projeto "che" foi dividido em duas partes "o argentino" e "o guerrilheiro", que ainda será lançado nos cinemas brasileiros.
...durante a segunda guerra mundial, uma jovem universitária é infiltrada na casa de um chinês colaborador dos japoneses, como parte de um plano de um grupo patriótico para assassiná-lo... uma história de amor, desejo, sangue e com um desfecho trágico, "o segredo de brokeback mountain"? não, "desejo e perigo"... a semelhança entre eles? ambos venceram o leão de ouro no festival de veneza (2005 e 2007), foram dirigidos por um dos mais talentosos cineastas do cinema contemporâneo e contam uma história de amor proibida e improvável... com um atraso de (+ou-) dois anos, o novo filme do premiado diretor (oscar, globo de ouro, bafta, leão de ouro, urso de ouro, entre outros muitos prêmios, constam em seu currículo) finalmente estreou nos cinemas brasileiros... o diretor taiwanês realizou o mais político de seus filmes, desafiando até de certa forma (porque não?) o governo chinês, que não reconhece o seu país de origem... tudo isso em um história bem desenvolvida, atuada e realizada... acredito que o filme poderia até ter acabado uma ou duas cenas antes, tornando o final menos explicado, mas, quem sou eu para discutir com o mestre (!) ang lee.
...o interminável quebra-cabeça da vida cotidiana na estréia do roteirista charlie kaufman como diretor... a história fantástica de um homem que nasceu velho... uma saga de vingança orquestrada por um afiadíssimo tarantino... as inconfundíveis e mágicas cores do cinema de almodóvar... a melhor e mais engraçada atuação do ano... o reencontro de kate winslet e leonardo dicaprio... a obra-prima que veio da turquia... o retrato de uma menina que não é tão boa em literatura, mas que sabe tudo sobre sexo e drinks... o sonho de james cameron transformado em uma espetacular realidade... e o dia em que uma nave espacial saiu da mesmice e estacionou sobre a capital da áfrica do sul... eu sei que faltam esse e aquele, que você não concorda com nada e que essa lista 'é uma puta injustiça'... mas de 30 finalistas, esse é o top 10 do lostinhollywoodland em 2009...
